O julgamento de Dominique P., acusado de drogar sua esposa Gisèle P. durante uma década para que estranhos a estuprassem, começou nesta segunda-feira (2) em Avignon, no sul da França. A vítima, de 72 anos, compareceu ao tribunal acompanhada de seus advogados e três filhos. O processo deverá se estender até 20 de dezembro.

Além do ex-marido, outros 50 homens estão no banco dos réus. Muitos deles afirmam ter acreditado que estavam participando das fantasias do casal, mas o marido alegou que "todos sabiam" que sua esposa estava drogada sem seu consentimento. Os acusados variam em idade de 26 a 74 anos, com 18 deles em prisão preventiva. "Não existe um perfil típico de um estuprador. O estuprador é um tipo qualquer", afirmou Véronique Le Goaziou, pesquisadora em violência sexual.

Os investigadores identificaram 92 estupros desde 2011, principalmente a partir de 2013, quando o casal se mudou para Mazan. Dominique P. administrava um ansiolítico forte à esposa e instruía os homens, contatados através do site de encontros coco.fr, a não a acordarem, evitando perfumes e tabacos para que não fossem detectados.

Gisèle P. só soube dos abusos em 2020, quando seu marido foi flagrado filmando clientes por baixo de saias em um shopping. As investigações revelaram inúmeras fotos e vídeos da vítima inconsciente em seu computador. A mulher, que "vivenciará pela primeira vez, de forma diferida, os estupros", está sendo representada por Antoine Camus e sua equipe legal, que também defende seus filhos e netos.

Dominique P. será interrogado no dia 10 de setembro e, após sua prisão, foi identificado em dois outros processos: um homicídio com estupro em Paris em 1991 e uma tentativa de estupro em 1999.

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